terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Educação ambiental para as crianças de hoje


Meus netos, como sempre, estão passando as férias na minha casa em Florianópolis. Eles estão acostumados com “lições” sobre conservação da natureza e o uso adequado dos recursos naturais. Seus pais são engenheiros florestais e, Marc e eu, somos ambientalistas profissionais. Sempre os levamos para ver Parques Nacionais, no Brasil e no Peru, para admirar grandes animais como baleias, tamanduás, ou acompanhar acontecimentos como, por exemplo, os dos papagaios charões.

Eles amam os cachorros que têm, bem como o gato, mas sabem, pois sempre explicamos as diferenças de animais silvestres e domésticos. Lembro-me a primeira vez que fiz meu neto, então com quatro anos, combater uma espécie invasora: os caramujos africanos. Como é difícil ensinar que não há que matar animais silvestres, não há que abater árvores e, ao contrário, que devemos amar a natureza e depois ter de capturar e matar uma espécie invasora e, portanto, perigosa para o meio ambiente. Não sei como funciona isto na cabeça de uma criança pequena, mas deve ser bem complicado de processar. Sobre o assunto, publiquei a coluna “A Chegada dos Netos“.

Realidade versus Eletrônicos

Como é difícil ensinar os pequerruchos. Porém, mais difícil é tentar ensiná-los hoje, com tudo o que eles têm disponível nos aparelhos que nós mesmos presenteamos nos natais da vida: ipods, computadores, smartphones, tablets e o que mais chegar de novidades tecnológicas. Quando os convidei a última vez para um passeio meu neto perguntou: “O que vamos fazer?”, e respondi que iríamos visitar um Parque Nacional de paisagens espetaculares. Ele protestou: “Só ver paisagens? Eu as tenho na internet. Vocês são uns ultrapassados, pois tudo está na internet sobre este Parque Nacional”. Durma-se com uma destas!

Parabenizo as nossas pobres educadoras ambientais e chego à evidente conclusão que ensinar crianças sobre as medidas corretas e equitativas de como tratar a natureza e seus recursos é coisa de profissionais capacitados para tal. O que continua a me preocupar é: Naquele que é, a meu ver, o assunto mais importante de todos, quem está capacitando nossas professoras ou professores, se no Brasil ainda não existe formação profissional específica para este assunto?

Leia a segunda parte da matéria no link original.
Maria Tereza Jorge Pádua é engenheira agrônoma, presidente da Associação O Eco, membro do Conselho da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques Nacionais da UICN.



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