As alterações no clima do planeta são concretas e o grande
responsável pelo cenário é o setor de energia no mundo, por meio das
emissões de gases do efeito estufa (GEE). As consequências vão de
panoramas catastróficos a moderados, com perturbações que afetam e
afetarão muito a vida do planeta. No Brasil, segundo especialistas,
comprometerá sobretudo a agricultura, saúde, habitação, economia e
segurança energética. Estudos apontam a possibilidade do aumento da
temperatura média em até 5º C em algumas regiões do país, bem como o
aumento da intensidade, duração e frequência dos eventos extremos de
seca e chuvas.
As emissões de CO2 em 2012 cresceram 1,4% em todo mundo, mas foi
considerada uma notícia positiva, pois a expectativa era de um
incremento muito maior. Vários países conseguiram reduzir suas emissões,
mas outros aumentaram. O maior emissor do mundo é a China, no entanto o
acréscimo de emissão em 2012 (300 milhões de toneladas) foi bem menor
que nos anos anteriores, em função dos fortes investimentos que o país
vem aportando em energias renováveis e eficiência energética. Nos
Estados Unidos o decréscimo de emissões fez o país chegar a 200 milhões
de toneladas, nível apresentado em meados de 1990. Na Europa a crise e a
desaceleração econômica fizeram o continente reduzir em 50 milhões de
toneladas de CO2 suas emissões.
O Brasil de 1990 a 2004 havia aumentado suas emissões em 62%, mas de
2005 a 2010 conseguiu reduzir 38,7% das emissões. A Agência
Internacional de Energia aponta que com o ritmo atual de emissões a
temperatura do planeta deve crescer entre 3,6º C e 5,3º C nas próximas
décadas, o que é algo muito preocupante. Ainda, dois terços dessas
emissões são provenientes do setor energético.
E aí está a preocupação, no setor energético. Em 2012, o Brasil
realizou esforços tremendos para redução dos desmatamentos e conseguiu
resultados concretos. Segundo a secretaria nacional de Mudanças
Climáticas e Qualidade Ambiental, no ano passado (2012) o Brasil chegou a
4,5 mil quilômetros quadrados de desmatamento. O ideal é chegar em
quatro mil e manter. A meta brasileira é de reduzir em 84% o
desmatamento.
Em 2005 o Brasil fez seu primeiro inventário de emissões e o setor de
florestas era responsável por 57% das emissões nacionais. Em 2010, com
os progressos neste setor, a fatia caiu para 22%. Segundo o relatório,
desde 2010 o setor agropecuário lidera o ranking (35%), seguido dos
setores energéticos (32%), processos industriais (7%) e de tratamento de
resíduos (4%).
O setor de energia foi o que mais cresceu suas emissões: +21,4%. O
País conseguiu um resultado importante na redução global da emissão dos
GEE, mas analisando detalhadamente, é possível ver que o forte aumento
do setor de energia é preocupante. Ações objetivando frear este aumento
no setor energético necessitam ser implantadas.
A presidente Dilma Rousseff, durante a reunião do Fórum Brasileiro de
Mudanças Climáticas (FBMC), realizado em Brasília em junho de 2013,
disse que a meta de emissões de CO2 do Brasil para 2020 é “extremamente
passível” de ser cumprida. Afirmou que haverá uma tendência inexorável
de aumento das térmicas na matriz decorrente de hidrelétricas a fio
d’água e de energia eólica. Para a presidente são energias que não têm
mecanismos de reserva e que mudam em relação ao clima, por isso são
necessariamente voláteis e necessitam, portanto, ser firmadas por
térmicas. A afirmação reforça assim a política do governo de manutenção
da tendência atual na expansão da geração de energia elétrica por
termoelétricas e principalmente a carvão.
Segundo a PricewaterhouseCoopers (PwC), em relatório intitulado
Índice de Economia de Baixo Carbono, a eficiência energética foi a
grande responsável pela diminuição na intensidade de carbono da economia
mundial. Cerca de 92% da redução da intensidade de carbono atingida em
2012 foi em decorrência de melhoras na eficiência energética, enquanto
apenas 8% foram de uma mudança para um mix energético mais limpo.
No Brasil, o PNE- Plano Nacional de Energia, o PNEf – Plano Nacional
de Eficiência Energética e o Decreto Nº 7.390, que regulamenta a
Política Nacional de Mudança do Clima, expressam claramente o
compromisso brasileiro para o incremento da eficiência energética no
país. Portanto, o norteamento sobre as políticas para incremento da
eficiência energética para o país existe, bem como um mercado e
fornecedores habilitados.
É sabido que o desperdício energético no país é enorme e está
praticamente estagnado nos índices ligados à eficiência energética na
última década. Existe um descompasso enorme entre a teoria e a
realidade. Muitos projetos de eficiência energética são instalados em
todo país nos diversos setores da economia brasileira, mas pelas
dimensões do Brasil ainda é muito pouco frente ao potencial e a
necessidade.
Se realmente o objetivo é conquistar resultados, o Brasil precisar
tirar os planos das gavetas e ser mais arrojado na implantação de
políticas de curto prazo.
Rodrigo Aguiar é presidente da ABESCO – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia.
Fonte: CarbonoBrasil.
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