Quando o assunto é aprendizagem em sala de aula, o número de alunos
importa menos do que a qualidade do professor. Isso é o que diz o
recente estudo realizado pelo instituto norte-americano Thomas B.
Fordham, que estuda excelência educacional. Na tentativa de discutir se
estava certo o senso comum de que ter turmas pequenas é sempre a melhor
solução, a instituição fez um experimento que tentava medir o
aprendizado dos alunos em diferentes configurações de sala de aula.
Mesmo com mais alunos, as turmas que saíam melhor era as que tinham os
melhores professores.
“Podemos fazer a diferença ao colocarmos apenas mais um ou dois
alunos na sala de aula de um excelente professor. É possível que
tenhamos muitos avanços a partir de mudanças relativamente pequenas”,
disse Michael Hansen, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, ao
jornal The Atlantic. O texto da pesquisa “O tamanho certo da sala de
aula: fazendo mais com os melhores” (livre tradução de Right-sizing the
Classroom: Making the Most of Great) está disponível para download.
A pesquisa acompanhou alunos de 4a a 8a série de escolas da Carolina
do Norte, durante quatro anos letivos. Foram levadas em consideração as
notas dos alunos em avaliações oficiais do governo. Além disso, a equipe
criou um indicador sobre a atuação dos professores (em um cálculo que
considerava o tamanho da turma, sua composição e a experiência do
docente), que orientou a realocação de alunos em diferentes turmas.
Depois disso, mediram a evolução de desempenho acadêmico dos estudantes.
Os resultados encontrados em cada uma das simulações nas diferentes
turmas variou, mas sempre mostrou que um bom professor representava mais
na evolução do aprendizado dos alunos do que o tamanho da turma. Uma
classe de 8o ano que tinha um excelente professor, por exemplo, chegou a
receber mais 12 alunos. O impacto no aprendizado deles causado pela
simples mudança de turma equivalia ao alcançado com mais duas semanas e
meia de aulas.
“O que estamos dizendo é: ‘OK, alguns alunos vão dar a sorte de pegar
os melhores professores e alguns o azar de pegar os professores mais
fracos. Mas ao ‘desbalancearmos’ intencionalmente o tamanho dessas salas
de aula, estamos fazendo com que mais estudantes tenham sorte”, disse o
pesquisador. Na mostra de estudantes e professores com a qual
trabalhou, os 25% melhores professores davam aula exatamente para 25%
dos alunos, numa proporção matemática com a qual não concorda. “No mundo
ideal, as escolas deveriam aumentar o número de alunos pelos quais seus
melhores professores se responsabilizam”, diz Hassel.
Uma das principais contribuições da pesquisa, acredita Hassel, é que
ela aponta para um manejo de tamanho de turma relativamente simples de
ser feito e que não prescinde de políticas públicas complexas ou de
muito investimento. Mas, de acordo com o próprio estudo, “a estratégia
de mudar o tamanho das salas de aula não reduz desigualdades
pré-existentes e algumas outras intervenções serão necessárias”.
A questão do número ideal de alunos por sala de aula, nos EUA e no
Canadá, é um tema pulsante. A discussão envolve organizações não
governamentais dedicadas especificamente ao tema, institutos de pesquisa
e governos. No caso dos dois países, há esforços e investimentos do
governo federal para que a proporção de alunos por turma reduza, em
ações que custam bilhões de dólares aos cofres públicos. No Brasil, o
número excessivo de alunos por turma costuma ser uma reclamação
frequente dos professores.
Fonte: O Porvir.
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