sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Países não atingirão meta de melhorar educação até 2015, afirma Unesco


O compromisso assumido por 164 países, entre eles o Brasil, de melhorar a qualidade da educação até 2015 não será atingido globalmente. A previsão está no 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, divulgado na quarta-feira, 29 de janeiro, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O documento registra, no entanto, que muitas nações alcançaram avanços significativos.

O compromisso Educação para Todos traz seis metas que integram o Acordo de Dacar (Senegal), assinado em 2000. Pelo acordo, até 2015, os países devem expandir cuidados na primeira infância e educação, universalizar o ensino primário, promover as competências de aprendizagem e de vida para jovens e adultos, reduzir o analfabetismo em 50%, alcançar a paridade e igualdade de gênero e melhorar a qualidade da educação.

As metas, no entanto, continuarão a ser perseguidas depois de 2015 e serão definidos critérios claros e mensuráveis, além de objetivos específicos de financiamento para a educação. “É vital que se coloque em prática uma sólida estrutura educacional global pós-2015 para solucionar problemas pendentes e, ao mesmo tempo, lidar com novos desafios”, acrescenta o relatório.

O custo anual de 250 milhões de crianças sem aprender o básico equivale a US$ 129 bilhões
O pior resultado, de acordo com o documento, foi na meta de reduzir o analfabetismo entre adultos. Apenas 29% dos países conseguiram cumprir o compromisso. A paridade de gênero no primeiro nível do ensino secundário teve o melhor resultado – 70% dos países alcançaram a meta.

Crianças sem o básico

Em países em desenvolvimento, 69 milhões de adolescentes e 57 milhões de crianças estavam fora da escola em 2011. Entre os que frequentam a escola, muitos não têm aprendizado satisfatório devido à baixa qualidade da educação.

“A baixa qualidade da educação significa que milhões de crianças não estão aprendendo sequer o básico. De 650 milhões de crianças em idade de frequentar a educação primária, pelo menos 250 milhões não estão aprendendo o básico de leitura e matemática”, mostra o relatório.

Entre 2000 e 2011, a taxa de analfabetismo mundial entre adultos caiu 1%. O número de adultos analfabetos em 2011 era 774 milhões e a projeção é que até 2015 esse número caia para 743 milhões. A taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais no Brasil é 8,6%, totalizando 12,9 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011. Para cumprir o compromisso assumido no Acordo de Dacar (Senegal), o Brasil deve chegar a 2015 com taxa de analfabetismo de 6,7%.

O custo anual de 250 milhões de crianças sem aprender o básico equivale a US$ 129 bilhões, de acordo com a coordenadora de Educação da Unesco no Brasil, Maria Rebeca Otero. “O relatório aponta que há uma crise de aprendizagem muito grande, em que se perde US$ 129 bilhões por ano, que poderiam estar mais bem investidos na educação”, diz.

A capacitação dos professores e o investimento em educação estão entre os caminhos apontados para superar esses problemas. Os professores ganham atenção no relatório, que trata a capacitação como uma das formas de aperfeiçoar a qualidade da educação. De acordo com a publicação, os governos precisam intensificar os esforços para contratar 1,6 milhão de professores adicionais a fim de conseguir universalizar a educação primária até 2015.


Fonte: EcoD.


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