A Monsanto, a Vale e a
indústria de agrotóxicos foram os alvos principais dos cerca de 2.000
manifestantes que ocuparam algumas ruas do centro do Rio de Janeiro, na
noite de terça-feira. “A Monsanto mata gente, mata rio/ Agronegócio, a
mentira do Brasil” foi um dos gritos do protesto. O ato, convocado por
movimentos sociais participantes da Cúpula dos Povos, teve uma maioria
de camponeses e agricultores familiares provenientes de todo o Brasil e
do exterior.
A canadense Judith Marshall, sindicalista de Toronto,
trouxe denúncias do seu país e de Moçambique, onde morou por oito anos
após a independência daquele país africano em 1975, contra os abusos da
Vale. O ex-presidente da empresa, Roger Agnelli, chegou a ser
conselheiro do governo moçambicano para assuntos internacionais e no
Canadá a Vale enfrenta processos judiciais por práticas inseguras que
teriam provocado várias mortes, informou.
Agricultor assentado da
reforma agrária em Atalaia, no estado de Alagoas, Joelson Melquiades,
protestou contra os agrotóxicos com uma mascara de proteção da boca e
nariz, como muitos dos manifestantes. Sua roça de macaxeira, feijão,
inhame e hortaliças, seguindo as orientações da agroecologia, sofrem a
contaminação dos venenos agrícolas. Por isso ele e seus vizinhos
condenam a monocultura da cana de açúcar presente nos arredores.
Economia verde, em discussão na conferencia oficial da Rio+20 é “pura
enganação”, sentenciou.
Shell, Syngenta, Bayer, Bunge, Nestlé,
Petrobrás e até mesmo Natura, a indústria de cosméticos que aproveita
insumos naturais, e se considera “verde”, foram duramente criticada por
“explorar o trabalho feminino, o saber tradicional e bens comuns”, por
oradores.
O movimento de oposição à hidrelétrica Belo Monte, no
Xingu, esteve presente com sete ativistas e desalojados. A Norte
Energia, consórcio que toca a construção, “falou em indenização e
reassentamento em 90 dias”, mas nada aconteceu, acusou Elisvaldo Gomes,
um agricultor de Assurini, onde a família possui 50 hectares. Agora
promete providencias para dentro de dois anos, sem indicar terras nem
condições dos novos estabelecimentos rurais.
Sua colega da
delegação de Altamira, Ana Laida Barbosa, que trabalha no Conselho
Indigenista Missionário (CIMI), se queixa da “criminalização” com que
Belo Monte reage contra “qualquer manifestação contraria”.
A
passeata foi curta. Vindos do Aterro do Flamengo, onde se realiza a
Cúpula dos Povos, os manifestantes se organizaram em frente ao Consulado
dos Estados Unidos e se concentraram na rua seguinte, a Santa Luzia, no
centro da cidade.
Fonte: TerraViva.
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