da Agência Brasil
Índio não tem direitos. Índio é preguiçoso, não é nem
gente. Esses pensamentos permearam o Brasil até bem pouco tempo. A
declaração é do mestre em antropologia social, Tonico Benites, indígena
da etnia Guarani-Kaiowá. Segundo ele, apenas em 1988, com a nova
Constituição Federal é que os indígenas passam a ser considerados
cidadãos. Os mais de 400 anos de exclusão impactam a vida dessa
população até os dias de hoje.
Benites
será um dos palestrantes do Fórum Mundial de Direitos Humanos, que
acontecerá em Brasília de 10 a 13 de dezembro. Ele participará dos
debates sobre o histórico do reconhecimento dos indígenas como
detentores de direitos.
O Censo de 2010 mostra que quase 0,5% da população brasileira é
indígena. São 896,9 mil de 305 etnias. Eles são responsáveis por 274
idiomas falados em território nacional, além do português.
"[Os indígenas] não vivem com qualidade, lutam para sobreviver.
Lutam para ter comida, algo básico", diz o antropólogo. A maior parte da
população indígena não tem acesso à saúde ou a educação de qualidade.
Segundo dados do Portal Brasil, são 105,7 mil alunos indígenas
matriculados em turmas do primeiro ao quinto ano, o que representa 51,7%
dos que estudam e menos de um oitavo do total da população. São 4 mil
indígenas em cursos de licenciatura intercultural em 20 instituições
públicas, o que corresponde a 0,44% dessa população.
Um dos grandes problemas enfrentados pelos indígenas é a demarcação
de terras. Também de acordo com o Censo, foram identificadas 505 terras
indígenas, que representam 12,5% do território brasileiro - 106,7
milhões de hectares -, onde residiam 517,4 mil indígenas (57,7% do
total).
"Em dois dias passei por três territórios da etnia Guarani Kaiowá,
no Mato Grosso do Sul. Apenas uma dela é reconhecida e isso não faz
diferença. Nas três não havia escola ou assistência à saúde", descreve.
"A legislação diz que esses serviços são direitos do cidadão. Não os
encontrei nem mesmo no território já demarcado". Os conflitos também são
muitos, por posse de terra. Em duas das aldeias que visitou, os
caciques foram mortos em conflitos.
Para Benites, a situação é consequência de uma omissão histórica do
Estado e a exclusão legal da população. Um passado que ainda reflete na
atualidade. Segundo ele, é preciso sanar necessidades imediatas, por
exemplo, a alimentação. Concomitantemente, se deve sanar questões que
darão segurança a longo prazo, principalmente o direito a terra. Deve
haver também uma política de reparação, defendeu.
"A reparação deve acontecer. Ao longo da história, os indígenas
foram expulsos das terras e tratados como não humanos", ressaltou o
antropólogo.
Tonico Benites também comentou a ação, em 2012, que envolveu as
redes sociais. Usuários trocaram os sobrenomes nos perfis virtuais por
"Guarani Kaiowá". A ação foi feita para prestar apoio aos indígenas
durante período de conflitos. "Pelas redes socais, [os indígenas]
puderam passar informações mais diretas, que muitos brasileiros não
conheciam. Conseguiram chamar a atenção de jornalistas e de políticos".
O debate Reconhecimento e Direitos Humanos acontece no dia 11, a
partir das 10h, e conta com a participação também do escritor e ativista
paquistanês Tariq Ali e da jurista brasileira Ela Wiecko Volkmer de
Castilho.
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