quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Palhaços fazem passeata no centro do Rio para anunciar encontro internacional da categoria


 

da Agência Brasil
 
Uma trupe de palhaços invadiu o centro do Rio de Janeiro na tarde de hoje (5). Ao som da Orquestra Voadora, com muito riso e animação, A Palhaceata foi da Cinelândia até a Praça XV, parando na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O evento não é de protesto nem de reivindicação. É uma forma divertida que os artistas organizaram para divulgar o Encontro Internacional de Palhaços Anjos do Picadeiro, na sua décima primeira edição.

De acordo com o coordenador-geral do encontro, João Carlos Artigos, do Teatro de Anônimos, grupo que criou o festival A Palhaceata para anunciar que o circo chegou e os palhaços estão tomando conta da cidade.

“Este ano o nosso tema é Alegria, A Prova dos 11. Parafraseando Oswald de Andrade, estamos pensando nesse lugar da antropofagia, e elegemos a merda [expressão usada pelos atores para desejar sucesso a um espetáculo] como símbolo do que há de mais produtivo, importante e salutar da vida. E pensar que humor tem o mesmo radical de húmus, que é o adubo, que é a merda, que é o mesmo radical de humanidade, e humanidade é terreno fertilizado. Então a alegria é uma fertilização do solo onde a gente vive”.

 










Em 11 anos de Anjos do Picadeiro, o evento cresceu também como espaço de encontro, formação e desenvolvimento da arte do palhaço no Brasil. Nesta edição, além de artistas da Espanha, do Reino Unido, Chile, da Argentina e Dinamarca, apenas o estado do Amazonas não está representado. “O Anjos do Picadeiro contribui para a propagação da arte de fazer rir, não só para o público, mas para os trabalhadores, como um local de formação profissional e qualificação”.

A palhaça Neca de Pitibiriba, personagem de Ana Carolina Sawen, que vai se apresentar no festival, disse que o evento é uma grande oportunidade para o intercâmbio de experiências. “É incrível, porque é uma chance que tem de trocar [experiências] com outros palhaços. Você vai renovando o que está fazendo, conhece pessoas de outros países, então você pode mudar sua visão sobre outras questões, repensar o seu fazer”.

Para Ana Carolina, o palhaço pode ser a solução para o Brasil. “A nossa sociedade está cada vez mais louca, está cada vez tudo mais invertido, e o palhaço consegue colocar as coisas realmente de cabeça para baixo, e aí talvez elas fiquem certas, porque já estão de cabeça para baixo”, disse.

A atriz Milena Machado, de Cuiabá (MT), ficou em feliz em participar de A Palhaceata. “Eu fiquei super entusiasmada, fiquei até pensando em fazer uma dessas em Cuiabá, porque eu acho uma coisa super necessária, fora a alegria que traz, fica todo mundo preso nesta coisa que está passando. E está lindo, tá tudo muito lindo”, ressaltou.

O sindicalista João de Souza, que trabalha na Avenida 13 de Maio, no centro do Rio, também gostou do que viu. “É legal, pelo menos serve para animar o pessoal que está aí triste, serve para animar um pouco, palhaço alegra todo mundo, é uma cultura brasileira”, disse.

A fotógrafa argentina Ana Schlimovich definiu o festival como um momento de lucidez dentro da vida cotidiana. “Mais do que bom, o movimento é necessário para a loucura que a gente vive. Acho o mais coerente de tudo, na verdade, o resto é que está meio fora de contexto”, destacou.

Pego de surpresa pela batucada em frente ao prédio onde trabalha, na Rua 7 de Setembro, o porteiro Lenilton Coelho Alexandre disse que a animação é bom para espantar a tristeza. “É bom, tem que fazer o movimento mesmo, show de bola. Animar o povo um pouco, porque está muita tristeza, roubalheira principalmente, o resto a gente vai levando”, disse.

Antes de seguir para a Praça XV, A Palhaceata fez uma parada na Alerj, onde ocupou e lavou escadaria do Palácio Tiradentes, sede do Legislativo fluminense. Para Ankomárcio Saúde, que interpreta o palhaço Chaubrawbraw, do grupo Circo Teatro Artetude, de Brasília, o ato de lavar a escadaria do prédio é apenas uma brincadeira.

“É um gesto simbólico. Muitas vezes um espaço como este é tido como um espaço onde as coisas devem ser feitas de maneira séria, e muitas vezes não são. E nós, palhaços, somos confundidos, às vezes, como alguma coisa que não seja séria, e aí a gente vem fazer esse trocadilho. Muitas vezes fazer as coisas com descontração não compromete em nada a seriedade e a verdade das coisas, ao mesmo tempo que disfarçá-las de coisas sérias, de roupas e figurinos honestos e sérios não garante a seriedade e honestidade das coisa. Então, é só uma brincadeira”, declarou.

Apesar de A Palhaceata ter marcado a abertura do Encontro Internacional de Palhaços Anjos do Picadeiro, as oficinas e os seminários ocorrem desde segunda-feira (3). As apresentações dos espetáculos vão até domingo (9), em nove locais da cidade: Praça XV e Praça do Mercado e Praça Melvin Jones, no centro; Praça da Bíblia, na Cidade de Deus; Parque das Ruínas, em Santa Teresa; Fundição Progresso, na Lapa; Teatro Carlos Gomes, Teatro Nelson Rodrigues, no centro;e Espaço Cultural Escola Sesc, em Jacarepaguá. A programação completa pode ser consultada no site www.anjosdopicadeiro.com.br.
 

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