da Agência Brasil
Uma trupe de palhaços invadiu o centro do Rio de
Janeiro na tarde de hoje (5). Ao som da Orquestra Voadora, com muito
riso e animação, A Palhaceata foi da Cinelândia até a Praça XV,
parando na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O evento
não é de protesto nem de reivindicação. É uma forma divertida que os
artistas organizaram para divulgar o Encontro Internacional de Palhaços
Anjos do Picadeiro, na sua décima primeira edição.
De acordo com o coordenador-geral do encontro, João Carlos Artigos, do Teatro de Anônimos, grupo que criou o festival A Palhaceata para anunciar que o circo chegou e os palhaços estão tomando conta da cidade.
“Este ano o nosso tema é Alegria, A Prova dos 11. Parafraseando
Oswald de Andrade, estamos pensando nesse lugar da antropofagia, e
elegemos a merda [expressão usada pelos atores para desejar sucesso a um
espetáculo] como símbolo do que há de mais produtivo, importante e
salutar da vida. E pensar que humor tem o mesmo radical de húmus, que é o
adubo, que é a merda, que é o mesmo radical de humanidade, e humanidade
é terreno fertilizado. Então a alegria é uma fertilização do solo onde a
gente vive”.
Em
11 anos de Anjos do Picadeiro, o evento cresceu também como espaço de
encontro, formação e desenvolvimento da arte do palhaço no Brasil. Nesta
edição, além de artistas da Espanha, do Reino Unido, Chile, da
Argentina e Dinamarca, apenas o estado do Amazonas não está
representado. “O Anjos do Picadeiro contribui para a propagação da arte
de fazer rir, não só para o público, mas para os trabalhadores, como um
local de formação profissional e qualificação”.
A palhaça Neca de Pitibiriba, personagem de Ana Carolina Sawen, que
vai se apresentar no festival, disse que o evento é uma grande
oportunidade para o intercâmbio de experiências. “É incrível, porque é
uma chance que tem de trocar [experiências] com outros palhaços. Você
vai renovando o que está fazendo, conhece pessoas de outros países,
então você pode mudar sua visão sobre outras questões, repensar o seu
fazer”.
Para Ana Carolina, o palhaço pode ser a solução para o Brasil. “A
nossa sociedade está cada vez mais louca, está cada vez tudo mais
invertido, e o palhaço consegue colocar as coisas realmente de cabeça
para baixo, e aí talvez elas fiquem certas, porque já estão de cabeça
para baixo”, disse.
A atriz Milena Machado, de Cuiabá (MT), ficou em feliz em participar de A Palhaceata.
“Eu fiquei super entusiasmada, fiquei até pensando em fazer uma dessas
em Cuiabá, porque eu acho uma coisa super necessária, fora a alegria que
traz, fica todo mundo preso nesta coisa que está passando. E está
lindo, tá tudo muito lindo”, ressaltou.
O sindicalista João de Souza, que trabalha na Avenida 13 de Maio, no
centro do Rio, também gostou do que viu. “É legal, pelo menos serve
para animar o pessoal que está aí triste, serve para animar um pouco,
palhaço alegra todo mundo, é uma cultura brasileira”, disse.
A fotógrafa argentina Ana Schlimovich definiu o festival como um
momento de lucidez dentro da vida cotidiana. “Mais do que bom, o
movimento é necessário para a loucura que a gente vive. Acho o mais
coerente de tudo, na verdade, o resto é que está meio fora de contexto”,
destacou.
Pego de surpresa pela batucada em frente ao prédio onde trabalha, na
Rua 7 de Setembro, o porteiro Lenilton Coelho Alexandre disse que a
animação é bom para espantar a tristeza. “É bom, tem que fazer o
movimento mesmo, show de bola. Animar o povo um pouco, porque está muita tristeza, roubalheira principalmente, o resto a gente vai levando”, disse.
Antes de seguir para a Praça XV, A Palhaceata
fez uma parada na Alerj, onde ocupou e lavou escadaria do Palácio
Tiradentes, sede do Legislativo fluminense. Para Ankomárcio Saúde, que
interpreta o palhaço Chaubrawbraw, do grupo Circo Teatro Artetude, de
Brasília, o ato de lavar a escadaria do prédio é apenas uma brincadeira.
“É um gesto simbólico. Muitas vezes um espaço como este é tido como
um espaço onde as coisas devem ser feitas de maneira séria, e muitas
vezes não são. E nós, palhaços, somos confundidos, às vezes, como alguma
coisa que não seja séria, e aí a gente vem fazer esse trocadilho.
Muitas vezes fazer as coisas com descontração não compromete em nada a
seriedade e a verdade das coisas, ao mesmo tempo que disfarçá-las de
coisas sérias, de roupas e figurinos honestos e sérios não garante a
seriedade e honestidade das coisa. Então, é só uma brincadeira”,
declarou.
Apesar de A Palhaceata ter marcado a abertura do Encontro
Internacional de Palhaços Anjos do Picadeiro, as oficinas e os
seminários ocorrem desde segunda-feira (3). As apresentações dos
espetáculos vão até domingo (9), em nove locais da cidade: Praça XV e
Praça do Mercado e Praça Melvin Jones, no centro; Praça da Bíblia, na
Cidade de Deus; Parque das Ruínas, em Santa Teresa; Fundição Progresso,
na Lapa; Teatro Carlos Gomes, Teatro Nelson Rodrigues, no centro;e
Espaço Cultural Escola Sesc, em Jacarepaguá. A programação completa pode
ser consultada no site www.anjosdopicadeiro.com.br.
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