sábado, 3 de junho de 2023

Biografia de Lima Barreto

 


Retrato de Lima Barreto, em sua ficha de internação no Hospício Nacional de Alienados, no ano de 1914.

Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto) nasceu em 13 de maio de 1881, na cidade do Rio de Janeiro. Negro e de origem pobre, foi um dos poucos representantes de minorias na literatura brasileira do século XX. Contudo, foi desprezado pela elite intelectual de sua época, acabou se tornando alcoólatra, além de ser internado em um hospício.

O autor, que morreu em 1º de novembro de 1922, fez parte do pré-modernismo e produziu obras caracterizadas pelo antirromantismo e crítica social. Em seus livros, ele mostrou o espaço dos subúrbios e os problemas de seus moradores, além de denunciar a discriminação social e racial.

Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto) nasceu em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro. Sua mãe, Amália Augusta Barreto, uma professora primária, morreu quando o escritor tinha apenas seis anos de idade. Assim, seu pai, João Henriques de Lima Barreto, um tipógrafo, ficou responsável, sozinho, pela criação dos filhos.

No entanto, o jovem escritor era afilhado do Visconde de Ouro Preto (1836-1912) e pôde estudar no Liceu Popular Niteroiense e no Colégio Pedro II. Mais tarde, em 1897, iniciou o curso de Engenharia na Escola Politécnica, mas teve que abandonar os estudos por questões financeiras, pois, em 1902, o seu pai começou a apresentar problemas de saúde mental.

Assim, em 1903, fez um concurso e começou a trabalhar, como funcionário público, na Diretoria do Expediente da Secretaria de Guerra. Dois anos depois, passou a escrever para o Correio da Manhã. Publicou seu primeiro livro — Recordações do escrivão Isaías Caminha — em 1909. Como a obra faz críticas à imprensa brasileira, ela foi boicotada pelos jornais da época.

Já seu romance mais famoso — Triste fim de Policarpo Quaresma — foi publicado em 1911, no Jornal do Comércio. No entanto, a publicação em forma de livro só ocorreu em 1915 e foi custeada pelo autor. A essa altura, ele já enfrentava problemas com o alcoolismo. No ano anterior, em 1914, foi internado, pela primeira vez, em um hospício, o Hospital Nacional dos Alienados.

Além disso, Lima Barreto tinha diversos problemas de saúde, e, em 1918, aposentou-se por invalidez. No ano seguinte, novamente foi internado no Hospital Nacional dos Alienados por um breve período. Morreu três anos depois, em  de novembro de 1922, no Rio de Janeiro.

Características da obra de Lima Barreto

Lima Barreto foi um escritor do pré-modernismo, período literário compreendido entre 1902 e 1922. Devido a isso e a aspectos particulares do escritor, suas obras podem apresentar as seguintes características:

  • Antirromantismo

  • Nacionalismo crítico

  • Ausência de idealizações

  • Crítica sociopolítica

  • Caráter realista

  • Denúncia do preconceito racial

  • Espaço suburbano

  • Linguagem coloquial

Obras de Lima Barreto

  • Recordações do escrivão Isaías Caminha (1909)

  • As aventuras do Dr. Bogoloff (1912)

  • Triste fim de Policarpo Quaresma (1915)

  • Numa e a ninfa (1915)

  • Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá (1919)

  • Histórias e sonhos (1920)

  • Os bruzundangas (1922)

  • Bagatelas (1923)

  • Clara dos Anjos (1948)

  • Feiras e mafuás (1953)

  • Marginália (1953)

  • Diário íntimo (1953)

  • Coisas do reino do Jambon (1956)

  • Vida urbana (1956)

  • O cemitério dos vivos (1956)

  • O subterrâneo do Morro do Castelo (1997)

Triste fim de Policarpo Quaresma

Capa do livro “Triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, publicado pela editora BestBolso.[1]
Capa do livro “Triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, publicado pela editora BestBolso.[1]

O romance mais famoso de Lima Barreto é Triste fim de Policarpo Quaresma, no qual é possível perceber uma contundente crítica sociopolítica ao Brasil por meio do protagonista Policarpo Quaresma. A obra, assim, mostra o extremo patriotismo desse brasileiro, mas também a sua desilusão em relação ao seu país.

Quaresma é um nacionalista extremado, que chega a defender o uso do tupi-guarani como língua oficial e a substituição do aperto de mão pelo choro, que seria um costume indígena. Ele também defende o violão como instrumento nacional e acredita que a agricultura pode gerar riquezas para o Brasil.

No entanto, em sua tentativa de trabalhar como agricultor no seu sítio, além de outros problemas, tem sua plantação atacada por saúvas. A essa altura, fracassado e ridicularizado pelos seus compatriotas, ele decide pegar em armas e lutar durante a Revolta da Armada, em seu último gesto patriótico, na defesa do marechal Floriano Peixoto (1839-1895), responsável por mais uma decepção.

O livro é narrado em tom irônico, zomba do nacionalismo exagerado de Quaresma, mas também constata o pouco apreço que o povo brasileiro tem pela sua própria cultura. Dessa forma, o narrador mostra o seu país sem recorrer a qualquer tipo de idealização. Aliás, ao ridicularizar Quaresma, ele faz uma crítica também ao romantismo.

De certa forma, esse personagem se mostra como a personificação do próprio romantismo, que não resiste à realidade e, inevitavelmente, precisa morrer. Um triste fim para Policarpo Quaresma, o maior nacionalista do Brasil, que, no final da obra, acaba sendo, ironicamente, acusado de traição.

Veja também: Oswald de Andrade – um dos fundadores do modernismo brasileiro

Frases de Lima Barreto

A seguir, vamos ler algumas frases de Lima Barreto, retiradas de carta enviada a Austregésilo de Athayde (1898-1993), em 19 de janeiro de 1921:

  • “Se há algum anticlericalismo na minha pobre pessoa, é contra as irmãs de toda a sorte que dirigem colégios de gente rica.”

  • “A minha curiosidade não é malsã nem de inimigo: é curiosidade.”

  • “Sempre achei no Machado [de Assis] muita secura de alma, muita falta de simpatia, falta de entusiasmos generosos, uma porção de sestros pueris.”

  • “Eu escrevo com muito temor de não dizer tudo o que quero e sinto, sem calcular se me rebaixo ou se me exalto.”

  • “Até em Turguêniev, em Tolstói, podiam ir buscar os meus modelos; mas, em Machado [de Assis], não!”

Crédito da imagem

[1] Grupo Editorial Record (reprodução)

Por: Warley Souza


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