Neste dia 08 de março, as mulheres de
mais de 100 países celebrarão mais um Dia Internacional da Mulher, e a
exemplo do que aconteceu há muitas décadas, quando a data foi originada,
novamente será um dia de muitos protestos.
E no Brasil as mulheres voltam a
reforçar sua luta contra os ataques aos direitos sociais e trabalhistas,
a alta taxa de desemprego e os cortes nos investimentos na saúde,
educação, transporte, segurança e creches. Esses cortes afetam toda a
sociedade, mas têm mais impacto na vida da mulher, que tem que dar conta
da vida familiar e da renda em meio a uma sociedade machista.
O desemprego que hoje atinge 11,6
milhões de pessoas é ainda pior para as mulheres, que são 53% desse
total, e isso as leva cada vez mais para a precarização, segundo o
Dieese.
Além das desigualdades de gênero (como a salarial), as mulheres ainda enfrentam todo dia a violência crescente.
Pelo fim do feminicídio
Segundo a plataforma Evidências sobre
Violências e Alternativas para mulheres e meninas (EVA), do Instituto
Igarapé, no Brasil, 1,23 milhão de mulheres reportaram ser vítimas de
violência entre 2010 e 2017.
No mesmo período, mais de 177 mil mulheres e meninas foram vítimas de violência sexual e 38 mil mulheres foram assassinadas.
A data
data que surgiu depois que o Partido
Socialista da América organizou um Dia da Mulher, em 20 de fevereiro de
1909, em Nova York, em manifestação pela igualdade de direitos civis e
em favor do voto feminino. No ano seguinte, durante as Conferências de
Mulheres da Internacional Socialista, em Copenhague, foi sugerido que o
Dia da Mulher passasse a ser celebrado todos os anos, sem que, no
entanto, fosse definida uma data específica. A partir de 1913, as
mulheres russas passaram a celebrar a data com manifestações realizadas
no último domingo de fevereiro. Em 8 de março de 1917, ainda na Rússia
Imperial, organizou-se uma grande passeata de mulheres, em protesto
contra a carestia, o desemprego e a deterioração geral das condições de
vida no país. Operários metalúrgicos acabaram se juntando à
manifestação, que se estendeu por dias e acabou por precipitar a
Revolução de 1917. Nos anos seguintes, o Dia da Mulher passou a ser
comemorado naquela mesma data, pelo movimento socialista, na Rússia e em
países do bloco soviético.
Em 1975, o dia 8 de março foi instituído
como Dia Internacional da Mulher, pelas Nações Unidas. Atualmente, a
data é comemorada em mais de 100 países.
A transição e evolução do movimento que, ao longo dos anos, deu cada vez mais voz às mulheres
Já é de anos a história compartilhada e
contada pelo mundo sobre a luta das mulheres pela igualdade de direitos,
ou seja, a luta feminista, que se deu há mais de 100 anos, e teve
sinceros marcos que precisam e devem ser destacados, pontuando, é claro,
aqueles que trouxeram mais que resultados, mas a certeza de que as
vozes que falam em nome do movimento, com o passar dos anos,
fortificou-se não só socialmente, mas historicamente também. O final da
década de 1960 foi responsável por gerar a segunda onda feminista, que
agitou o questionamento de mulheres por todo o mundo, principalmente na
França. Com o passar do tempo, através de diversos acontecimentos
marcantes, o feminismo tornou-se palavra de imposição e poder. A partir
daí a luta ganhou mais motivos para continuar e ser propagada.
O desenrolar desse grande movimento traz
muito para ser dito. Com todas as dificuldades já enfrentadas pelas
mulheres, foi possível ser percebido por elas a falta do igual, daquilo
que as faziam tão presentes e escutadas quanto os homens eram. A
primeira onda feminista se deu pela busca por poder político no final do
século XIX e início do século XX, como, por exemplo, no direito ao
voto. Naquele momento, a revolução só começava, e cada detalhe desse
processo de libertação e desconstrução de sociedade desigual foi
relevante, trazendo, com toda potência, o motivo pelo qual milhões de
mulheres se uniram. Após a primeira onda, o debate se estendeu
grandemente entre 1960 e 1980.
O objetivo desse grande movimento em 1968
foi direcionado especialmente às mulheres francesas, que trouxeram
questões de necessária discussão. A professora e doutora em
Geo-história da Universidade Estadual do Rio de Janeiro Amanda Danielli
indica que os objetivos dessa lutas passaram a incluir outras propostas,
como a defesa da contracepção, o fim da proibição do aborto e o
entendimento de que era necessário mudar a legislação sobre o estupro.
“Há uma noção corrente de que 68 equivaleria a uma segunda onda do
movimento feminista, associado à contracultura, à organização da
esquerda a partir das universidades e à luta pelo direito ao aborto,
especialmente na França”, conta Amanda.
Tais tópicos parecem ser bastante atuais,
mas é apenas a compreensão de que a luta nunca finalizou e o feminismo
sempre estará presente. Donas de casa e trabalhadoras foram às ruas pelo
fim da opressão, misoginia e autoritarismo dominante por parte de seus
patrões, pais, e até companheiros. A juventude não seu calou. Se em
1968, na França, houve a certeza de que valia a pena todo o esforço para
continuar batalhando, atualmente os motivos só estenderam, ainda que em
alguns países tenham havido mudanças.
Em 1 de maio de 1968, jovens mulheres caminham protestando pelas ruas de Paris
O ano de 1968 foi marcante também pela conhecida “Queima dos Sutiãs”, um protesto público em Atlantic City que reuniu cerca de 400 mulheres que repudiaram o concurso de beleza Miss America
num ato de empilhar saltos, maquiagens, roupas e acessórios que, por
pouco, não se transformaram em uma grande fogueira, pois o local não era
público. Tudo girava em torno da busca pelo encerramento da exploração
comercial feminina na mídia. A historiadora e pesquisadora Larissa
Ribeiro ressalta que a participação das mulheres nesse contexto diz
muito sobre o feminismo articulado naquele momento. “O posicionamento
tomado auxiliou na emersão do papel da mulher na luta política”, conta
Larissa.
Americana segura seu sutiã para protestar em Atlantic City em 1968
O ontem que refletiu no hoje
Apesar de 68 não ter sido o boom
do movimento, a criação que se fez precisa do Dia Internacional do
Combate à Violência Contra a Mulher e a lei do Estatuto da Mulher
Casada, que aconteceram pouco antes, no início da década, só
contribuíram para outros avanços notados até os dias atuais, como o I
Congresso Nacional das Trabalhadoras Domésticas (21 de Maio, 1968) e
também, futuramente, incontáveis pequenas e grandes vitórias para as
mulhere. É possível reconhecer as datas marcantes para o movimento na
nesta linha do tempo (link http://feminismo.org.br/historia/), que traz
cada detalhe, cada um com sua importância. E a luta permanece.
Mulher segura cartaz que diz, em francês, “meu corpo é meu”
LEGENDA3: Mulher segura cartaz que diz, em francês, “meu corpo é meu”
O que um dia foi realidade, hoje
tornou-se história que o mundo precisa absorver. Se na França o grito e o
manifesto de cada uma delas significou algo, foi certeza de que ecoaria
por todos os cantos e traria a união por um propósito mais que digno de
atenção. Para as pesquisadoras Amanda e Larissa, uma revolução, porém,
que ainda precisa ser conversada e evoluída. “Infelizmente, a questão
como um tema, um problema menor porque o universo acadêmico ainda é um
espaço primordialmente masculino, que em larga escala reproduz a lógica
patriarcal”, divide Amanda. Para Larissa, as crianças deveriam aprender
desde cedo o contexto em que vivem. “O tema não chega para todos, isso é
um fato. Porque não é interessante, politicamente falando, que as
pessoas pensem, questionem, problematizem”, afirma a historiadora.
Enquanto houver desigualdade, o feminismo
existirá, e a história continuará sendo vivenciada e escrita na memória
de todas aquelas que se envolveram ou ainda irão participar, mesmo que
brevemente, da luta pelo bem mais precioso: a liberdade de ser a melhor
versão de mulher possível. Seja através da segunda onda, em 68, ou de
todas as próximas que estão por vir, é garantida a força e as vozes que
se transformam em uma só, espalhando batalha, persistência e, acima de
tudo, o espaço merecido no social, intelectual e em tudo aquilo que é
feminino.
Nathália Martins
Reportagem realizada para a disciplina de Oficina Multimídia
O Dia Internacional da Mulher, concebido em 1910, foi reconhecido pelas
Nações Unidas em 1977. Mesmo com a origem e a celebração dos direitos
femininos em um determinado dia terem tradição norte-americana, existem muitas datas simbólicas com o mesmo objetivo.
A primeira tentativa parece remontar a 1909 por meio do extinto Partido
Socialista dos Estados Unidos, que celebrou um Dia Nacional da Mulher
no dia 28 de fevereiro daquele ano.
Um ano depois, durante a Conferência Internacional das Mulheres
Socialistas, realizada em Copenhague, surgiu a ideia de um dia
internacional para festejar o sexo feminino.
A alemã Clara Zetkin propôs, nessa conferência 1910, a criação do Dia
Internacional das Mulheres sem fixar data, em meio às crescentes
denúncias de discriminação trabalhista e eleitoral sofridas pelas
mulheres nos países industrializados.
O dia foi comemorado pela primeira vez em 19 de março de 1911 na
Áustria, na Dinamarca, na Alemanha e na Suíça. Nessa ocasião, mais de um
milhão de mulheres se manifestaram na Europa.
Manifestação de operárias
Deixado de lado pela divisão do movimento operário e da Primeira Guerra
Mundial, ressurgiu na Rússia, em 8 de março (23 de fevereiro, pelo
calendário russo), por ocasião de uma manifestação de operárias em São
Petersburgo, em 1917, para reclamar pão e a volta dos homens da frente
de batalha.
Em 1921, Lênin, o fundador da União Soviética, escolheu essa data em
homenagem às operárias e iniciava uma tradição nos países comunistas. Na
China de hoje, as trabalhadoras se beneficiam de meia jornada de folga.
Nos anos 1970, o movimento feminista se apropriou desta data para
fortalecer suas reivindicações pela igualdade de direitos políticos e
sociais.
E, em 1977, a ONU decretou o 8 de março Dia Internacional dos Direitos das Mulheres e pela Paz.
Desde então, a data se reveste de importância simbólica em todas as
partes do mundo onde as mulheres ainda devem lutar por seus direitos
fundamentais reconhecidos ou acabar com a violência e as persistentes
desigualdades de que são vítimas.
O ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, irá defender nesta
segunda-feira, durante encontro da ONU que, com a mudança de governo, o
Brasil volte a ter uma cadeira no Conselho de Direitos Humanos da ONU. O
país vai se candidatar para reconquistar mandato de membro em 2024.
Na
bagagem, o ministro leva o discurso de que o país está de volta para
resgatar as pautas humanitárias com importância internacional, como a
discussão sobre diversidade sexual e também sobre casos análogos ao
trabalho escravo.
Almeida
está em Genebra e irá discursar hoje, às 11h, durante a 52ª sessão do
Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas.
O
ministro irá pregar que o Brasil vai recuperar o que a atual gestão
chama de retrocessos do governo anterior. A avaliação é que o país
sempre teve protagonismo no tema mas que se apagou nos últimos anos.
Trabalho escravo
Em
vídeo publicado nas redes sociais da pasta, o ministro anunciou neste
domingo medidas de assistência ao grupo de 200 trabalhadores resgatados
em situação precária na colheita de uva, em Bento Gonçalves, no Rio
Grande do Sul. Caso que se tornou público na quinta-feira passada no
Brasil.
“Certamente não se trata de um caso isolado sabido como se dão as relações de trabalho em nosso país”, afirmou o ministro