“Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!”
Martin Luther King
Dia 20 de novembro, dia Nacional da Consciência Negra, nos leva a refletir: que tipo de consciência é esta que construímos no decorrer de nossa história?
Segundo as leis, todas as pessoas devem ser respeitadas por sua raça, cor, credo, orientação religiosa e sexual. Isto acontece? Poderíamos dizer que em algumas vezes, sim, no entanto, desejamos que se torne uma prática comum entre todos e todas.
A partir do século XVI, as populações negras desembarcadas no Brasil foram distribuídas em grande quantidade nas regiões litorâneas, com maior concentração no que atualmente se denomina regiões nordeste e sudeste, cujo crescimento econômico no decorrer dos séculos XVII, XVIII e XIX foi assegurado pela expansão das lavouras de cana-de-açúcar.
Até 1888, o ano da abolição formal da escravidão no Brasil, por meio da chamada Lei Áurea, a população negra escravizada vivenciou a experiência de ter poucos direitos, assinalados em vários documentos oficiais, sob a tutela do Estado.
Os 120 anos que nos separam da Lei Áurea não foram suficientes para resolver uma série de problemas decorrentes das dinâmicas discriminatórias forjadas ao longo dos quatro séculos de regime escravocrata. Ainda hoje, permanece na ordem do dia a luta pela participação eqüitativa de negros e negras nos espaços da sociedade brasileira.
Trazendo para nossa atualidade se considerarmos os mapas de escolaridade encontrado no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), bem como os dados na publicação do INSPIR (Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial), não precisaremos fazer muito esforço para compreender a extrema necessidade de diminuir a desigualdade sócio-econômicas a que está submetida a população negra ou parda de nosso país, um total de 43,7% da população brasileira.
Por isso, é necessário que problematizemos a questão da diversidade étnico–racial no âmbito do currículo das escolas , tanto quanto afirmar e estabelecer princípios, objetivos, estratégias para o desenvolvimento de práticas da educação das relações étnico-raciais.
A educação é um ato permanente, dizia Paulo Freire, e neste sentido que é necessário que construamos instrumentos para a construção de uma sociedade anti-racista, que privilegia o ambiente escolar como um espaço fundamental no combate ao racismo e à discriminação racial.
Principalmente, em atendimento às atuais demandas e necessidades educativas e pedagógicas que emergem das práticas sociais, bem como, o que estabelece a legislação vigente e as políticas públicas, em especial, a implementação da lei 10.639/2003.
Por meio desta pequena reflexão, acreditamos poder contribuir para a construção de uma educação que seja geradora de cidadania, que atenda e respeite as diversidades e peculiaridades da população brasileira em questão, que respeite e observe o repertório cultural da população negra e o relacione com as práticas inclusivas existentes.
Sabemos das dificuldades, mas avaliamos ser importante dividir este momento com aqueles e aquelas que desejam uma educação verdadeiramente emancipadora , humanista e não racista.
Devemos fazer a nossa parte e estamos tentando construir junto com todos e todas novas práticas de respeito ao ser humano. A realização do 1º Encontro Cultural da Consciência Negra em Rio das Ostras, do CEPRO , que realizar-se-á no próximo dia 22 deve ser incluído como um movimento ainda inicial, porém com o compromisso de reescrever uma história com caminhos sem tantos espinhos.
Agradeço a todos e a todas pela oportunidade de construirmos mais este sonho. (*Artigo do Jornal Razão)
Profª Guilhermina Rocha
Especialista em Educação e Historiadora
Presidente do CEPRO
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