Faça este teste com
qualquer menor de 18 anos. Dê a eles exatamente um minuto para listar
suas marcas favoritas numa folha de papel e desenhar os respectivos
logotipos. Posteriormente solicite a eles listar diferentes tipos de
árvores e desenhar as folhas de cada uma delas. Provavelmente, você
poderá adivinhar qual listagem será mais comprida.
Sabemos
que os nossos filhos herdarão a Terra, porém a maioria de jovens está
totalmente desconectada do mundo natural. As crianças citadinas
frequentemente não sabem de onde provém a eletricidade, a água ou os
alimentos. Não têm nem ideia sobre o que acontece depois que os vasos
sanitários são descarregados ou o lixo é descartado. Muitas crianças não
sabem que as árvores ajudam a limpar nosso ar, ou que o Sol proporciona
a energia que cultiva a nossa comida.
Quando estamos tão
radicalmente separados dos recursos e dos sistemas naturais que nos
fazem viver, é muito simples pensar que a nossa própria indústria e
tecnologia nos proporciona tudo o que necessitamos. Mas, olhe ao seu
redor. Tudo o que necessitamos para a sobrevivência – desde a água que
bebemos até o silício dos nossos computadores, operados por microchips,
vêm da terra.
Como sociedade, estamos falhando com os nossos
filhos quando permitimos que eles cresçam sabendo tão pouco sobre o
mundo natural que provê o que necessitamos para viver. Ao invés,
indiretamente, estamos ensinando a serem consumidores acreditando que
podem comprar todos os seus desejos e necessidades nos shoppings
centers. Estudos da indústria de mercado realizados nos EUA demonstram
que a fidelidade de uma pessoa à marca pode começar cedo, aos dois anos
de idade. E de acordo com a rede de televisão jovem do Canadá, YTV, o
nosso país (Canadá) tem aproximadamente 2,5 milhões de pré-adolescentes –
crianças entre 8 e 14 anos – que gastam anualmente US$1.7 bilhão de
dólares de seu próprio dinheiro.
Através de um talento único que os
vendedores denominam “poder de persuasão”, eles também influem em US$ 20
bilhões de dólares em compras domésticas de custo elevado, tais como os
carros familiares, que têm um tremendo impacto na natureza. As despesas
dos pré-adolescentes não passam despercebidas.
Os quiosques de
revistas estão cheios de versões infantis de revistas para adultos, tais
como Teen People, Teen Vogue, CosmoGirl, e Fashion 18, que anunciam os
mais recentes filmes, moda, e CDs. Canais de televisão e sítios web
especialmente desenhados para essas crianças entretêm e fomentam a ética
do consumismo. Criar um exército de jovens consumidores terá um
tremendo impacto no mundo natural. O melhor dos videogames não evitará
que as crianças bebam água contaminada, e a roupa de moda não lhes
impedirá desenvolver doenças como a asma. Então, o que podemos fazer?
Mudanças nos planos curriculares tornaram mais difícil o ensino da
conservação do meio ambiente, sobretudo porque esta não é a informação
contida na maioria dos currículos estabelecidos.
Os orçamentos
para a educação, hoje da grossura de uma corda de piano, criaram
oportunidades para as empresas produzirem materiais sofisticados que
promovem seus produtos nas escolas. Em todas as direções que os nossos
filhos olhem, estão recebendo a mesma mensagem: compre, compre, compre.
Em
lugar de ensinar aos nossos filhos a consumir, é tempo de ensinar a
conservar e reaproveitar. Não somente pelo bem da Terra, mas por eles
mesmos. Nosso excesso de consumo está afetando a saúde de nossos filhos.
Por exemplo, a asma provocada pela poluição do ar gerada pelos carros, e
a obesidade resultante de alimento inadequado e dos estilos de vida
sedentários, se aproximam aos níveis de epidemia entre as crianças.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, duas terças
partes de todas as doenças preveníveis ocasionadas pelas condições
ambientais afetam as crianças, principalmente.
Se os nossos filhos
mudarão o mundo, eles necessitam aprender como. É preciso começar por
dar um bom exemplo. As crianças têm uma curiosidade inerente sobre o
mundo. Vejam juntos, pais e filhos, programas de ciência e natureza;
falem sobre suas lembranças favoritas ao ar livre; diga a eles como era
seu bairro quando você estava crescendo. Leve-os a explorar o exterior
para que possam experimentar a magia do mundo natural por eles mesmos.
Aprenda sobre o meio ambiente e compartilhe com eles o que aprendeu.
Muito
mais importante é mostrar a eles que não é necessário entrar na ética
do consumismo com a finalidade de ser “cool”. Apesar da gigantesca
pressão dos meios de comunicação, podemos ajudar aos jovens a se dar
conta de que eles são muito mais do que as marcas que compram. Façam que
suas escolas organizem uma feira de produtos realizados pelos
estudantes. Ensine a eles as habilidades que necessitam para criar, por
exemplo, como tocar um instrumento ou utilizar uma máquina de costura.
Mostre a eles que experiências como acampar e explorar novos lugares
podem ser mais interessantes e valiosas que os objetos comprados nas
lojas.
Ao trabalhar com os jovens, temos enorme influência em suas
vidas. Não conheço uma única pessoa cuja vida não tivesse melhorado de
alguma forma por um professor. Frequentemente, encontro adultos que
tiveram que mudar seus hábitos porque seus filhos estão aprendendo sobre
os resíduos sólidos, o esgoto e o lixo. É por isso que aplaudo
professores e líderes de grupos comunitários que educam crianças e
jovens com respeito à natureza Ao mostrar a fragilidade e a maravilha do
mundo natural e ensinar as formas de conservá-lo, estão inculcando
valores para toda a vida que ajudarão a ser melhores cidadãos.
Nas
próximas décadas, os jovens de hoje influenciarão a Terra de forma que
nem sequer podemos imaginar. Somos responsáveis por legar a eles a
oportunidade de fazer do mundo um lugar melhor.
David Suzuki é cientista e ecologista.
Fonte: Eco21.
CEPRO – Um
Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
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