Marcus Eduardo de Oliveira
Economista, professor e especialista em Política Internacional pela Universidad de La Habana - Cuba
Valorizar as pessoas em primeiro lugar é sinônimo de
desenvolvimento solidário e humano. Deveria ser esse o objetivo precípuo dos
modelos econômicos cujo intuito desejável seria fazer com que a economia fosse
usada para servir as pessoas, e não o contrário como, lamentavelmente, é
prática corriqueira.
Os modelos econômicos deveriam ser desenhados a partir de
políticas públicas no sentido de buscar a consolidação de uma economia mais
humana, mais social e menos mecânica, a partir da transformação social tão
necessária em épocas cujo predomínio do capital financeiro globalizado dita
todas as regras e, por isso, interfere substancialmente na vida das pessoas, em
especial dos grupos sociais mais necessitados que habitam os não poucos bolsões
de pobreza.
É sabido, contudo, que elaborar modelos econômicos
especificamente centrados na valorização das pessoas e dos grupos sociais, cuja
temática de cooperação (solidariedade) faça o embasamento das ações tanto dos
próprios indivíduos, quanto dos agentes executores de políticas públicas, não é
tarefa das mais fáceis, mas, é, todavia, exequível.
É exequível a partir do momento em que o modelo econômico
(por exemplo, a prática da economia solidária ou da economia de comunhão) seja
desenhado para promover o desenvolvimento de todos e para todos; numa sintonia
de total inclusão, de incorporação, solidário em sua essência, que alcance os
mais necessitados por meio de ajudas coletivas e com firme atuação do Estado.
Diante disso, inevitavelmente uma pergunta se apresenta como
pertinente: Como fazer isso? Tomando o exemplo da economia solidária, Paul
Singer, em "A economia solidária no Brasil: a autogestão como resposta ao
desemprego” nos apresenta sete passos importantes para se alcançar esse modelo.
Vejamos: 1.
A autogestão para a solidariedade; 2. O fortalecimento das
iniciativas econômicas cooperativadas e associativas; 3. O desenvolvimento de
redes de apoio mútuo, de intercâmbios diversos; 4. A criação de formas
alternativas de crédito e poupança; 5. O desenvolvimento de capacidades
técnicas e científicas por meio de pesquisas e técnicas cada vez mais adequadas
à satisfação das necessidades e aspirações humanas; 6. O desenvolvimento da
capacidade de identificação dos potenciais e dos limites da natureza e o
condicionamento do crescimento econômico a tais limites; 7. A criação de novos
espaços sociais através da constituição de Conselhos, Assembleias e Fóruns
permanentes.
A matriz de construção desse modelo descrito por Singer faz
ressaltar para efeito de melhor explicação as diferenças entre dois capitais: o
social e o humano. Ambos têm a finalidade suprema de dar suporte ao próprio
modelo. Na esteira desse comentário é oportuno pontuar então as diferenças
entre ambos, ou, dito de outra forma, ressaltar a essência de cada um deles.
Por capital social deve-se entender a participação de grupos sociais nas
relações que envolvem a cooperação e a confiança entre as pessoas, reforçando
os laços de sociabilidade e solidariedade entre os pares. O capital humano se
relaciona ao fortalecimento das competências e habilidades (é o saber fazer)
das pessoas.
De todo modo, a junção desses capitais faz reforçar a
parceria (cooperação, partilha de esforços) entre os grupos. Essa seria a base
de apoio para uma economia social e humana, fraterna e solidária que põe,
impreterivelmente, as pessoas em primeiro plano visando unicamente atender as
necessidades mais prementes dos participantes. Em suma, tal prática de
atividade e conduta econômicas leva a organizar, integrar, participar e, no bojo,
cooperar e partilhar. Em outras palavras é um tipo de economia de inclusão (que
soma), longe da habitual exclusão (que subtrai). Esse tipo de modelo econômico
tão desejado e alcançável, ainda que muitas forças atuem em sentido contrário,
deve carregar as cores do desenvolvimento humano, social, sustentável e
solidário, fazendo desses pressupostos objetivos a serem buscados
diuturnamente. Suas essencialidades seriam: 1) humano, porque prioriza as
pessoas em primeiro lugar; 2) social, pois envolve a teia de relações
estabelecidas nos grupos sociais e, por fim, 3) sustentável, porque tende a
perpetuar os ganhos estendidos a todos ao longo do tempo. Concluindo: esse
modelo de economia que põe uma grande lupa na questão do desenvolvimento
solidário prioriza e valoriza o maior de todos os princípios: a vida. E a
Economia – enquanto ciência social - tem tudo a ver com as relações que
enaltecem a qualidade de vida das pessoas, com o bem viver.
Fonte: Adital
CEPRO – Um
Projeto de Cidadania, Educação e Cultura em Rio das Ostras.
Alameda Casimiro de Abreu, 292, Bairro Nova
Esperança - centro
Rio das Ostras
Tel.: (22)
2771-8256 e Cel.:(22)9966-9436
E-mail: cepro.rj@gmail.com
Comunidade no
Orkut:
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=55263085Twitter: http://www.twitter.com/CEPRO_RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário