Na última década, 835 mil jovens brasileiros deixaram o campo em busca de oportunidades nas áreas urbanas. Os números são do IBGE. Eles foram coletados entre 2000 e 2010. Para o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, o êxodo da juventude se explica pela falta de oportunidades. Segundo ele, é preciso garantir o acesso à educação em todos os níveis, sem deixar de considerar as realidades locais.
“Por isso que nós lutamos por cursos superiores no regime de alternância, nos quais esses jovens ficam dois meses na universidade e depois retornam para suas comunidades. Assim, eles mantêm suas raízes e adquirem um conhecimento mais voltado para a realidade onde vivem.”
Stedile assegura que, sem a distribuição de terras, a educação não é suficiente para manter a população com idade entre 15 e 24 anos no local de origem. Também é preciso garantir renda, seja através de oportunidades de emprego ou de trabalhar com a produção. Por isso, ele defende a instalação de agroindústrias nos assentamentos.
“As agroindústrias é que geram empregos mais qualificados, que exigem maior conhecimento. E é onde a juventude do campo se sente mais motivada. Lá haverá espaço para bioquímicos, veterinários, médicos, administradores e cooperativistas. Enfim, para saírem essencialmente daquela atividade de sol a sol na lavoura, que é possível ser substituída por máquinas ou outras formas menos penosas”.
A migração da juventude para as cidades não aconteceu em todos os estados brasileiros. O Pará, por exemplo, teve acréscimo de 53,5 mil jovens na sua população rural. Em proporção, Roraima foi a unidade da federação que mais aumentou sua participação de jovens no campo, com acréscimo de 24%.
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