Passaram-se vinte anos, desde aquele 23 de novembro de 1990, quando a intelectualidade brasileira perdeu um dos seus maiores nomes. Neste dia, falecia Caio Prado Júnior, aos 83 anos.
Reconhecido como um dos grandes intérpretes do Brasil , enfatizou a colonização como fato histórico relevante para o entendimento do desenvolvimento do Brasil.
Caio Prado Júnior foi historiador, advogado, geógrafo, escritor, político e editor, tendo contribuído enormemente para a historiografia nacional e deixado uma herança de ativismo político, raro nos dias de hoje. Sua vida e obra foram voltadas radicalmente para mudar os destinos do Brasil.
Nasceu em São Paulo, vindo de classe social elevada. Teve formação escolar esmerada, comum entre as elites na época. Estudou em colégio jesuítico e cursou a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Mas, exerceu a advocacia por pouco tempo.
Neste período, dos anos 1920 e 1930, o Brasil passava por toda uma efervescência política, social e cultural, o que iniciou Caio no ativismo político, chegando a participar da Revolução de 30, já filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Publicou seu primeiro livro em 1933, sob o título Evolução Política do Brasil. Viajou para a União Soviética, e quando do seu retorno ingressou na Aliança Nacional Libertadora (ANL), sendo por isso preso por dois anos.
Depois, exilou-se na Europa. De volta, lança sua obra mais importante, Formação do Brasil Contemporâneo, que se tornou um clássico na historiografia brasileira.
Para além do seu trabalho teórico, Caio Prado se elegeu deputado estadual em 1945, pelo PCB, e em 1947, deputado da Assembléia Nacional Constituinte. No entanto, seria cassado no ano seguinte, pois o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cancelou o registro do seu partido.
Caio Prado Júnior foi um raro intelectual de esquerda com múltiplas frentes de atuação. Notabilizou-se como um grande editor, no papel de debater o Brasil. Fundou junto com Monteiro Lobato a Editora Brasiliense, que marcou gerações de estudiosos e estudantes.
Com o golpe civil-militar de 1964, o pensador sofreu perseguições. Mas, mesmo assim, em 1966 foi eleito pela União Brasileira de Escritores o “Intelectual do ano”, devido á publicação de A Revolução Brasileira.
Caio Prado teve seus direitos políticos cassados pela ditadura e acabou se exilando no Chile. De volta ao Brasil, em 1971, foi preso e condenado por “subversão” pelo Superior Tribunal Militar (STM). No entanto, só conseguiu habeas corpus no ano seguinte, por unanimidade, no Superior Tribunal Federal (STF).
O legado teórico e político de Caio Prado Júnior é imenso. Sua obra é bastante atual e sua vida foi sempre voltada para mudar os rumos do nosso País. Deixou viva uma história de luta.
Diretoria do CEPRO
Fonte: Revista Fórum, nº 92, novembro de 2010
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