por Vito Giannotti
Já é lugar comum repetir que no Brasil não se lê quase nada. Livros, jornais, revistas e coisas parecidas não são nossa paixão. Certo, isso já é sabido, como é sabido que a mídia comercial/patronal goza de todas as facilidades da concentração de poder em suas mãos. E ela usa todas as armas para garantir o poder nas mãos da classe empresarial, sem nenhuma preocupação com a objetividade, a imparcialidade e consequentemente a verdade.
De uns anos pra cá, muito se fala da democratização da mídia. Sim, reclamamos do poder das seis ou nove famílias que detém rádios, Tvs, jornais e revistas. Reivindicamos até uma “reforma agrária” nas ondas magnéticas.
Tudo isso é mais do que justo e necessário, mas precisamos ter coragem de olhar para os passos que nós de esquerda poderíamos dar e não damos. Quem nos impede de criar nossos jornais e revistas? Jornais para disputar a hegemonia na sociedade, como nos ensinou Gramsci.
Lênin, em 1901, respondia à questão “Por onde começar?” de maneira muito direta: “por um jornal político para toda a Rússia”, escreveu. Hoje ele falaria do uso de todas as mídias, do jornal ao rádio, à TV e a todo o arsenal da mídia eletrônica. Hoje, não se trata mais de um jornal único, como de um partido único. A experiência das lutas do século 20 nos ensinaram que podemos fazer vários jornais no nosso campo de esquerda. E, o Brasil de Fato é apenas um exemplo de que se pode fazer nossa imprensa. Do roxo ao cor de rosa, passando pelo “vermelho, vermelhinho, vermelhão” são variações legítimas do campo da esquerda. Cada um defende sua visão de mundo, com sua sensibilidade específica.
Mas o que precisamos é comunicar, divulgar, disputar nossa visão de mundo. Apresentar, propagandear e desfraldar nossos valores, totalmente antagônicos aos valores da classe patronal muito bem apresentados por toda a mídia patronal.
É possível parar de choramingar e fazer nossos jornais, revistas, rádios e usar todas as ferramentas eletrônicas. Para isso precisamos dar vários, muitos passos. Mas o primeiro é nos convencermos que sem uma comunicação politizada, diária, muito bem feita e escrita ou falada na língua dos “normais” não conseguiremos convencer milhares e milhões de nossas propostas. A batalha da hegemonia exige convencimento e força. Força das nossas organizações, força das instituições e das leis que impusermos. Convencimento é pela nossa comunicação. Por isso vamos criar nossos instrumentos de comunicação, os mais unificados possível, para construir o “outro mundo”: um mundo socialista.
Fonte: Brasil de Fato
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