Nascido na interiorana Assaré (CE), no sul do Ceará, Antônio Gonçalves da Silva (5 de março de 1909 – 8 de julho de 2002) foi – na própria caracterização feita pelo artista nos versos do poema O agregado e o operário – “Matuto do Nordeste / Criado dentro da mata / Caboclo cabra da peste / Poeta cabeça chata”.
Pela força da escrita nordestina de forte pulso lírico e político, Antônio da Silva se imortalizou como Patativa do Assaré, um dos mais relevantes poetas, compositores e repentistas brasileiros. A importância do artista é reiterada em O poeta que veio do povo, série documental estruturada em cinco episódios que serão exibidos semanalmente pelo canal CineBrasilTV a partir de sábado, 15 de abril.
Filmada sob direção de Rosemberg Cariry, a série refaz o percurso de Patativa a partir da infância e juventude em Assaré (CE), cidade onde o artista se deparou com as dificuldades da vida camponesa, aprendeu as primeiras letras e se encontrou no mundo da literatura e dos cantores de cordel, tomando consciência da realidade social e tornando-se paulatinamente, a partir de então, uma voz dos deserdados da terra e um poeta em favor da reforma agrária
A partir dos anos 1970, a poesia de Patativa do Assaré virou música através de Fagner, que pôs melodia em versos do compositor repentista e, uma vez na gravadora CBS, foi o mentor da contratação do artista conterrâneo pelo selo Epic. Por esse selo fonográfico vinculado à CBS, Patativa do Assaré lançou os álbuns Poemas e canções (1979) e A terra é naturá (1981).
Influenciada pela literatura de cordel, a poética de Patativa do Assaré é direta e contundente, extraindo força política justamente da simplicidade verdadeira das palavras que saíam da mente e da boca do repentista.
Cartaz da série 'O poeta que veio do povo' — Foto: Divulgação
Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos
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