domingo, 18 de agosto de 2013

O que o lixo revela


Por Marcelo Barros

Há  tempos que a imprensa internacional divulga denúncias sobre espionagem do governo dos Estados Unidos que pretende controlar mais profundamente o processo social e político em nossos países. Na vida cotidiana, redes sociais são usadas para devassar a vida privada dos cidadãos e a própria internet, ao invés de ser um meio de comunicação entre as pessoas, se torna instrumento para devassar a vida privada e os costumes dos cidadãos. Ao mesmo tempo, notícias aqui e ali insinuam que, antes mesmo do período eleitoral, políticos contratam espiões para descobrir segredos de rivais perigosos. Poderosos de Brasília descobrem que o lixo de suas casas e escritórios não é apenas objeto de interesse por parte dos pobres que vivem da reciclagem. Existe também uma reciclagem não apenas de papéis e metais, mas principalmente de transações e relações ocultas que computadores velhos e papéis do lixo podem revelar. 

Mesmo se evitamos a espionagem de nossa vida privada, de certa forma, o lixo que produzimos se parece conosco, ou diz quem somos e o nosso estilo de vida. Além disso, o lixo de nossas casas parece gritar que o nosso modelo de sociedade está saturado, como resíduos de consumo que não têm mais onde se colocar.

Somente os seres humanos produzem lixo, no sentido próprio do termo. A natureza recicla sem problemas os dejetos animais e as folhas secas que apodrecem para tornar a terra mais fecunda e a vida renovada. Os animais não produzem lixo. Só a sociedade humana dita moderna produz um tipo de lixo que não se reincorpora no ciclo da vida. O lixo começou a gerar problema quando a sociedade passou a produzir plástico, eletrônicos e seus derivados, como pilhas e baterias. Para garantir o futuro da vida no planeta Terra, toda a humanidade é chamada a viver uma relação de maior justiça e amor com a Terra, os animais e toda a natureza. Para o futuro, não basta apenas separar os diversos materiais do lixo e reciclá-lo, se se continua a consumir descontroladamente todo tipo de bugigangas para depois tentar o trabalho da reciclagem e reaproveitamento. Não basta reciclar. É preciso uma sobriedade de vida que nos leve a produzir menos lixo e a reaproveitar o mais possível nossos recursos. Uma sociedade baseada em objetos descartáveis parece nos conduzir a uma cultura em que até mesmo as pessoas são tratadas como objetos de uso e provisórias. 

Na sua recente visita ao Brasil, o papa Francisco insistiu que os jovens criassem uma efetiva cultura de solidariedade. Isso precisa ser traduzido em formas concretas de novos estilos de vida. Nos mais diversos países, grupos e organizações sociais organizam um amplo movimento pelo consumo crítico e por um modelo novo de economia alternativa, solidária e eticamente responsável. No Brasil, existem belas iniciativas de cooperativas e trabalhos comunitários que se fundam nesse novo modelo de sociedade. 

Grupos espirituais de todas as religiões releem o apelo de Buda para o desapego pessoal, as palavras de Jesus Cristo que convocam para a pobreza de coração. Hoje, isso se traduz pela orientação de assumir a sobriedade como caminho concreto para que outro modelo de sociedade seja possível. O consumo crítico e eticamente responsável é requisito indispensável de conversão interior, amor ao próximo e respeito pela criação, obra do amor divino. É preciso lembrar o que diz o Evangelho: o ser humano é mais do que o alimento. Vale mais do que a roupa. Por mais que nos preocupemos, não acrescentaremos um centímetro sequer à nossa estatura. Jesus pedia a seus discípulos: "Busquem acima de tudo a realização do projeto divino no mundo (o reino de Deus) e tudo o mais lhes será dado por acréscimo” (Mt 6, 33).

Fonte: Adital


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