sábado, 16 de agosto de 2014

Estudo atribui às atividades humanas 69% do derretimento recente das geleiras


Pesquisa publicada na Science afirma, com alta confiança, que dois terços do degelo ocorrido entre 1991 e 2010 estão relacionados com as emissões de gases do efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis.

Acompanhar o degelo das geleiras em todo o planeta virou uma das principais atividades de centenas de climatologistas, geógrafos e outros especialistas que estudam as mudanças climáticas em andamento.

Trabalhos sobre o tema estão ficando cada vez mais frequentes, ampliando em muito o nosso conhecimento sobre esse derretimento, que tem entre suas consequências: o aumento do nível do mar, grandes inundações repentinas e prejuízos potenciais no fornecimento de água para milhões de pessoas.

Nesta semana, foi publicado na revista Science mais um desses estudos, que surpreende ao apontar que a maior parte do degelo recente é resultado das emissões de gases do efeito estufa da humanidade.

Realizado por pesquisadores austríacos e canadenses, o trabalho afirma que entre 25% e 35% da perda global de massa nos glaciares durante o período entre 1851 e 2010 pode ser atribuída a causas antropogênicas. Essa contribuição foi subindo com o passar do tempo, chegando a aproximadamente 69% entre 1991 e 2010.

“Encontramos evidências inequívocas de um crescente impacto humano na perda de massa glacial. Os resultados são consistentes com medições do equilíbrio de massa das geleiras”, declarou o climatologista Ben Marzeion, da Universidade de Innsbruck.

Segundo os pesquisadores, as geleiras têm se retraído desde meados do século XIX, quando a pequena Era do Gelo terminou. Esse processo se deve tanto a causas naturais, como atividades vulcânicas, quanto a alterações humanas no clima.

Para conseguir detectar o quanto o homem seria responsável pelo derretimento, a equipe utilizou o que há de mais moderno em modelagem climática e comparou os resultados com medições feitas em campo.

“Podemos colocar inúmeras variáveis no modelo e acompanhar os resultados. Como temos informações concretas sobre a flutuação solar, atividades vulcânicas e sobre o próprio degelo, podemos inserir as variáveis humanas e ver como os resultados se comparam à realidade”, explicou Marzeion.

“O que concluímos é que, até 1950, a perda de massa das geleiras que pode ser atribuída às atividades humanas não é significante, mas que essa porcentagem foi subindo com o passar do tempo. Estamos muito confiantes de que podemos afirmar agora que o fator humano é hoje dominante no degelo”, declarou.

Outro autor do trabalho, o geógrafo Graham Cogley, da Universidade de Trent, destaca que mais uma conclusão importante da pesquisa é a prova de que o homem está sim alterando o clima.
“Nossos resultados são mais um prego no caixão daqueles que ainda acreditam que as mudanças climáticas não são nossa culpa. Pessoas que ainda têm essa visão estão ficando sem lugar para se esconder”, concluiu Cogley.

É preciso possuir a assinatura da Science para ler o estudo completo, mas o resumo pode ser visto aqui: Attribution of global glacier mass loss to anthropogenic and natural causes.

 Com informações da Universidade de Innsbruck.
Fonte: CarbonoBrasil.


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