A vereadora Marielle Franco, assassinada em março de 2018 no Rio de Janeiro, faria 44 anos nesta quinta-feira (27). Ela será homenageada por parentes, artistas, religiosos e personalidades da política em eventos que acontecerão no Centro da capital carioca e na comunidade da Maré, conforme informações do O Globo.
A programação começa com uma missa por Marielle, celebrada pelo Padre Gegê na Igreja Nossa Senhora do Parto. Em seguida, às 11h, haverá o evento Flores na Estátua, na réplica em homenagem a ela que fica no Buraco do Lume, na Praça Mario Lago, também no Centro.
À tarde, os eventos serão na Maré, na Zona Norte da Cidade. A partir das 16h, o Instituto Marielle Franco organizará uma fala para a imprensa, seguida por apresentação musical. A DJ NTJ apresentará seu set artístico às 17h. A deputada estadual Renata Souza (Psol), amiga de Marielle e figura conhecida na Maré, estará presente.
LIVRO E EXPOSIÇÃO
Haverá ainda o lançamento de fotobiografia da Marielle, com a presença dos pais da vereadora, que também lançarão uma exposição.
A ministra Anielle Franco, irmã de Marielle, estará em viagem de volta da Colômbia, com presença a confirmar. Já Luyara Franco, filha da vereadora, deve aparecer em vídeo, já que está na Europa em compromissos estudantis.
Artistas como Natalhão e Marechal Preta Queenb Rull e Wassa encerram o evento, com apresentações e saraus previstos das 19h às 22h, no Centro de Artes da Maré.
QUEM FOI MARIELLE FRANCO?
Marielle Franco nasceu em 27 de julho de 1979, filha de Marinete da Silva e de Antônio Francisco da Silva Neto. Mulher negra, cresceu no Conjunto Esperança, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio de Janeiro.
Na adolescência, alternou momentos em que trabalhou com o pai, frequentou grupo jovem da Igreja Católica e até foi dançarina da equipe de funk Furacão 2000. Com 19 anos, tornou-se mãe de uma menina, Luyara Santos. Em 2005, perdeu uma amiga, baleada durante tiroteio na favela. A experiência acirrou o desejo de militar em defesa dos direitos humanos.
Marielle viu o caminho intelectual como uma possibilidade para lutar contra as desigualdades sociais. Trabalhou como educadora infantil na Creche Albano Rosa, na Maré. Foi aluna do pré-vestibular comunitário local. Ingressou e se formou em Ciências Sociais, com bolsa integral, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Em 2014, fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com a dissertação “UPP: a redução da favela a três letras”. O texto trazia críticas à atuação das unidades de polícia na segurança pública. Trabalhou ainda nas organizações Brasil Foundation e no Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Além disso, participou ativamente de coletivos e movimentos feministas, negros e de favelas.
Ainda em 2006, Marielle fez parte da equipe de campanha na Maré que elegeu Marcelo Freixo (PSOL) como deputado estadual. Na sequência, foi nomeada assessora parlamentar dele. Depois, assumiu a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A experiência a encorajou a dar passos maiores.
Em 2016, foi eleita vereadora do Rio pelo Psol, com 46.502 votos, para o mandato 2017-2020. Foi a quinta mais votada. Durante o mandato, presidiu a Comissão da Mulher da Câmara. Em fevereiro de 2018 foi escolhida como relatora de uma comissão na Câmara que iria acompanhar a atuação das tropas na intervenção federal no Rio.
LEGADO POLÍTICO
O assassinato interrompeu um trabalho ativo como vereadora. Segundo a Câmara Municipal do Rio, em 13 meses de mandato, Marielle se envolveu oficialmente em 118 proposições na casa, entre projetos, moções, requerimentos, ofícios e emendas. Em destaque estão os projetos de lei: foram 17 ordinários – oito deles iniciados apenas por ela e oito em conjunto com outros vereadores – e um pela Comissão de Defesa da Mulher, da qual era presidente. Também houve a apresentação de um projeto de lei complementar.
Dos 19 projetos, três foram aprovados e viraram leis quando a vereadora ainda estava viva: uma lei ordinária que estabeleceu limites nos contratos de gestão entre o município do Rio e as organizações sociais da área de saúde; uma lei ordinária, em nome da Comissão de Defesa da Mulher, que estabeleceu diretrizes para criar casas de parto e atendimento às grávidas e puérperas; e uma lei complementar que autorizou o serviço de mototáxis na cidade.
Outras nove leis foram aprovadas depois da morte da vereadora. Entre os temas, predominaram: direitos humanos, cidadania, saúde, educação e direitos das mulheres. A continuidade dos projetos políticos confirma as palavras da própria Marielle, ditas em tom exaltado durante sessão na Câmara poucos dias antes de ser assassinada, em 8 de março de 2018: “Não serei interrompida”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário