sexta-feira, 6 de junho de 2014

A água da Amazônia e a falta dela em São Paulo


A crise de falta d’água em São Paulo e outras cidades do Brasil deve ser analisada com profundidade. Não estamos diante de um simples problema de chuvas abaixo da média histórica. Estamos diante de uma crise estrutural que requer uma reflexão profunda e mudanças de rumo na maneira com que lidamos com o recurso mais precioso de que dispomos – a água.

Diante desse cenário preocupante, será que o papel da Amazônia como mega bomba d’água nacional está sendo adequadamente considerado no Brasil? A resposta simples é: não. A maior parte dos formuladores de políticas públicas ainda desconhece o óbvio. A Amazônia tem um papel importantíssimo para o regime de chuvas de quase todo o território nacional, especialmente no sul, sudeste e centro-oeste do país.

As florestas amazônicas processam a chuva que recebem do Oceano Atlântico e retornam vapor d’água para a atmosfera. Essa umidade segue para o sul, na forma de “jatos da baixa altitude” ou, na linguagem mais coloquial, “rios voadores”. O vapor d’água transportado pelos rios voadores para essas regiões precipita na forma de chuva quando encontra frentes frias ou outras condições climáticas favoráveis.

Vale fazer um exercício mental simples: o que aconteceria se a floresta amazônica fosse destruída em 30, 50 ou 100%? Uma tragédia. Existem estudos científicos mostrando que a redução das florestas pelo desmatamento alteraria o regime de chuvas de várias regiões do Brasil. Obviamente, isso traria graves prejuízos para o abastecimento d’ água de grandes cidades, para a produção agropecuária e a para a produção de energia hidroelétrica. Não seria mais inteligente valorizar economicamente os serviços ambientais providos pela floresta? Isso contribuiria tornar a floresta mais valiosa em pé do que derrubada e com isso reduzir o desmatamento – conceito que defendo há mais de uma década.

Creio que deveríamos aproveitar a atual crise de abastecimento d’ água de São Paulo não apenas para conscientizar o restante do Brasil sobre o papel da Amazônia nessa equação. Deveríamos ir além e propor medidas práticas para valorizar economicamente a floresta. Necessitamos de uma grande união de parlamentares, governos estaduais e lideranças da sociedade civil da Amazônia na defesa da valorização dos serviços ambientais providos pela Amazônia ao Brasil e ao mundo. A crise d’água em São Paulo e em outras cidades brasileiras cria uma circunstância favorável para isso.

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS), ao longo de sua existência, vem defendendo com apoio de diversos parceiros, como o Bradesco, a valorização da floresta amazônica e de todo o seu potencial para o desenvolvimento sustentável da região e sua contribuição para o fornecimento de água para outras regiões do Brasil.

Publicado originalmente no site da revista Eco21.



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